quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Mini-usina comunitária é alternativa para pequenos agricultores produzirem energia

As mini-usinas comunitárias de óleo vegetal podem ser uma boa alternativa para os pequenos agricultores produzirem energia. A Cooperativa Produção Industrial e Comércio de Mini-Usinas Compacta (CooperbioBrasil) está desenvolvendo há um ano e meio uma iniciativa que beneficia os pequenos agricultores, na cidade de Pinhais (PR).

A idéia é instalar mini-usinas de processamento de óleo vegetal que possam atender aos pequenos agricultores. Em entrevista ao Inovação Energética, Mariana Rocha, pesquisadora da CooberbioBrasil, conta que a mini-usina utiliza toda a matéria-prima da oleoginosa processada.
Se o grão utilizado for a soja, por exemplo, a mini-usina faz a separação da casca, o gérmen da soja retirado pode ser vendido para a indústria farmacêutica, que utiliza o material na produção de cosméticos; a primeira filtragem do grão rende o óleo de soja comestível; e a segunda filtragem o óleo vegetal para combustível.

Já a torta, que também é extraída do grão, pode ser utilizada ou como ração para animais, ou ainda para a produção de farinha comestível. “A farinha para alimentos é diferenciada, pois não tem o gérmen. Toda a farinha de soja tem um gosto e um odor forte, essa não tem por conta do gérmen. A farinha fica com um sabor agradável”, explica Rocha.

Segundo a pesquisadora, outra vantagem da mini-usina é que todo o processo de extração é a frio, ou seja, não utiliza nenhuma reação química para se fazer o óleo. Rocha conta que o óleo extraído, nesse tipo de processamento a frio, é considerado virgem pelo Ministério da Saúde.

Produção
A mini-usina produz 5,5 litros de óleo em uma hora, processando 50 Kg de soja. Na produção, ainda podem ser utilizadas outros tipos de oleogionas, vai depender do potencial de óleo que cada vegetal possui. A maior rentabilidade é da mamona em que é possível extrair cerca de 20 litros de óleo, a partir de 50 Kg da semente.

O técnico em meio ambiente, Marco André, explica, ao Inovação Energética, que, em breve, a prensa utilizada pela mini-usina será substituída. “A idéia é melhorar a extração e produzir mais óleo”.

O custo da mini-usina é de R$ 150 mil. Segundo André, o custo benefício é compensador. Ele conta que além da venda do gérmem e da farinha, o óleo comestível possui alto valor agregado. O técnico avalia que 500 ml de óleo custa ao produtor cerca de 1 real e o mesmo óleo pode ser vendido do mercado a 2 reais.

Transporte
Já o óleo vegetal produzido pode ser utilizado como combustível em automóveis. De acordo com o André, o governo do Estado, por meio do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), cedeu uma camionete à cooperativa. O Tecpar é uma instituição associada à ABIPTI. No carro, é utilizado cerca de 20% de óleo vegetal. “Ele já rodou 22 mil km e está tudo certo com o motor”, salienta André.

O técnico conta ainda que está em fase de teste um carro que funciona a 100% de óleo vegetal. Ele explica que o motor sofre uma pequena adaptação com uma bomba injetora que aquece o óleo a 180°C e lança como combustível. “Então, não é uma mudança drástica no motor, é uma mudança pequena. Mas, no Brasil ainda não há legislação que permita que um motor seja utilizado com 100% desse tipo de óleo”, observa.

A CooperbioBrasil cuida ainda da parte de assistência técnica aos pequenos produtores. André lembra que é feito um acompanhamento desde o momento da instalação da usina até que a comunidade esteja preparada para comercializar o produto.

A iniciativa conta ainda com o apoio do Ministério do Desenvolvimento Agrário e da Rede Evangélica Paranaense de Assistência Social (Repas). Os agricultores interessados em conhecer a mini-usina podem agendar uma vista pelo telefone (41) 3022-8453.

Inovação Energética

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