terça-feira, 13 de novembro de 2007

Etanol é prioridade nacional

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, ontem, que o Brasil continuará investindo na produção de biocombustíveis. A estratégia está mantida, mesmo diante da descoberta de nova reserva de petróleo pela Petrobras. O presidente fez estas declarações durante o seu programa semanal de rádio, horas antes do encontro que teve com o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-moon, que esteve em Brasília para discutir os eventuais efeitos da produção de biocombustível no preço dos alimentos.

"Todos nós sabemos do aquecimento do planeta e todos nós sabemos que o petróleo é um dos causadores desse problema. Portanto, nós vamos continuar investindo nos biocombustíveis", assegurou. Além da defesa ambiental, o presidente destacou outro fator relevante sobre os biocombustíveis: "Aumentar a importância do Brasil na matriz energética mundial".

Lula comemorou a descoberta feita pela Petrobras na Bacia de Santos, anunciada na semana passada. Segundo o presidente, a descoberta significa que o país "passa a ser um dos maiores produtores de petróleo do mundo".

"Eu acho que foi uma bênção de Deus para o Brasil de ter uma empresa que tenha acreditado em pesquisar petróleo em tanta profundidade como a Petrobras", disse Lula ao lembrar que a exploração da nova reserva levará entre 5 e 6 anos, já que o petróleo está a mais de 6 mil metros de profundidade.

"Temos tecnologia para isso, a Petrobras tem possibilidade, agora isso precisa um pouco mais de estudo, de mais investimento em tecnologia, para que a gente possa fazer com que esse petróleo comece a gerar as riquezas que nós tanto precisamos."

Conflitos
No almoço realizado no Palácio do Itamaraty com o secretário-geral da ONU, Lula propôs a criação de um grupo consultivo paralelo ao Conselho de Segurança da para ser ouvido em casos de conflitos internacionais.

Segundo relatos de participantes do encontro, o, presidente disse que os Estados Unidos são "atores" dos problemas e também "mediadores" para a solução desses conflitos. O presidente defendeu a idéia de que a ONU receba consultoria e ouça "novos atores".

Ao comentar a crise no Oriente Médio entre israelenses e palestinos, Lula disse que países como o Brasil, África do Sul e Índia podem ajudar na busca de uma solução, pois as três nações têm excelentes relações "com Israel e o mundo árabe". O secretário-geral da ONU, segundo participantes, ouviu a proposta do presidente brasileiro com atenção e fazendo anotações

Sobre a proposta apresentada pelo presidente brasileiro, de criação de um grupo paralelo na ONU, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim se limitou a dizer que, para o governo, é preciso ter idéias novas e, para isso, são necessários atores novos. "Quem não tem um interesse direto pode ir com idéias novas."

Produtores mandam carta
A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) encaminhou, ontem, carta endereçada ao secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, na qual solicita que o relatório interino produzido pelo relator especial da ONU sobre o direito ao alimento, Jean Ziegler, seja revisado com base em dados científicos e factuais.

No dia 22 de agosto, Ziegler entregou à Assembléia-Geral da ONU relatório dizendo que a produção de biocombustíveis irá competir com a produção de alimentos e sugeriu uma moratória de cinco anos na produção de biocombustíveis.

Segundo o presidente da Unica, Marcos Jank, o relatório é mais emocional que racional e não leva em conta a realidade. Jank diz que Ban Ki-moon ficou muito impressionado com a visita realizada a regiões produtoras de etanol no Brasil e que mostrou sua preocupação em relação às alternativas aos combustíveis fósseis para evitar o aquecimento global.

A carta, assinada em conjunto com a Associação Canadense de Combustíveis Renováveis, a Associação de Combustíveis Renováveis dos Estados Unidos e a Associação Européia do Combustível Bioetanol.

Esta é a primeira ação de uma parceria que vai unir esforços para defesa do biocombustível no mundo em torno de uma agenda comum. "Vamos nos concentrar numa agenda que tem como base a criação de um mercado global", disse Jank.

Jornal de Brasília

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