O ônibus urbano movido a etanol fabricado pela Scania será testado no Brasil a partir de 23 de outubro, em São Paulo. O chassi e o motor foram enviados da Suécia, onde fica a matriz da montadora, mas poderão ser produzidos na fábrica de São Bernardo do Campo se houver demanda suficiente para o modelo, admitiu o gerente de assuntos institucionais da empresa, Henrique Senna. A carroceria está sendo construída pela Marcopolo, de Caxias do Sul (RS).
"A Scania tem capacidade para produzir 20 mil motores por ano no Brasil e a introdução do novo modelo exigiria poucos investimentos nas linhas atuais", disse Senna. De acordo com ele, as dimensões são as mesmas dos equipamentos a diesel e não há necessidade de adaptação do chassi nem da carroceria. O teste será realizado durante um ano no corredor Jabaquara-São Matheus da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU) e também em linhas da SPTrans.
A avaliação do ônibus a etanol, que foi apresentado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva na visita que ele fez à Suécia em setembro, será coordenada pelo Centro Nacional de Referência em Biomassa (Cenbio), ligado à Universidade de São Paulo (USP) e ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT).
O projeto inclui ainda a Unica, que fornecerá o etanol, a sueca Sekab, que produz o aditivo necessário para a ignição do motor a álcool, a Petrobras, que fará a importação do insumo, e a BR Distribuidora.
Conforme Senna, o consumo do etanol supera em 60% a 70% o do diesel, mas o combustível renovável é mais barato, proporciona o mesmo desempenho para o motor e tem a grande vantagem de reduzir drasticamente as emissões.
Considerando todo o ciclo de produção do álcool, desde o plantio da cana-de-açúcar, a liberação de dióxido de carbono cai pelo menos 90%, enquanto no caso do óxido de nitrogênio, que ataca o sistema respiratório, a redução é de 60%, comparou o executivo.
Na Suécia, onde o ônibus a álcool roda desde 1989, os cálculos apontam um custo operacional apenas 3% superior ao dos modelos a diesel. "Em Estocolmo o combustível renovável já abastece 20% da frota de 2 mil veículos e pode chegar a 100% até 2020", informou o executivo. Em outras cidades suecas há mais 200 unidades movidas a etanol em circulação.
O motor que será utilizado no projeto em São Paulo tem 270 cavalos de potência e, dependendo do sucesso da experiência, a Scania poderá avaliar o desenvolvimento de produtos voltados para uso em caminhões.
"Tecnicamente a migração para caminhões é tranqüila, mas por enquanto o foco da empresa está nos ônibus urbanos", comentou Senna. Segundo ele, o potencial para a adoção do etanol no transporte coletivo é amplo no país. "Só em São Paulo a frota de veículos de grande porte chega a 8 mil unidades", disse.
Segundo o gerente da Scania, a parceria com as demais empresas envolvidas no projeto limita-se ao período previsto para os testes. Mas a Marcopolo participa, desde 2003, do desenvolvimento de outros modelos alimentados a combustíveis alternativos.
Um deles, movido a pilhas de hidrogênio e projetado pela EMTU e pelo Ministério das Minas e Energia, será testado em São Paulo em 2008. Outro foi uma versão equipada com motor híbrido (eletricidade e diesel) em conjunto com a Eletra, fabricante de ônibus elétricos de São Bernardo do Campo.
As informações são do G1 Online
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