Um painel de latinhas de alumínio que funciona como aquecedor de água está sendo desenvolvido pelo Núcleo de Pesquisa do Centro Universitário de Itajubá (Universitas), em Minas Gerais. O equipamento é uma alternativa para famílias de baixa renda, pois usa energia solar e permite o reaproveitamento de latas de alumínio. O novo aparelho não prejudica a saúde humana e o meio ambiente, além de ter custo muito menor do que os outros aquecedores à base de energia solar.
A idéia do aparelho surgiu em fevereiro do ano passado, quando o país vivia um período de crise energética. A equipe de alunos do curso de Tecnologia em Fabricação Mecânica da Universitas, coordenada pelo físico nuclear Jorge Henrique Sales, fez um levantamento do custo de energia com chuveiro elétrico e os resultados foram espantosos. “Se as famílias de baixa renda substituíssem a energia elétrica pela solar, a economia chegaria a 35%”, afirma Sales. Segundo dados do censo de 2000 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 52% das pessoas que têm alguma ocupação no Brasil recebem no máximo dois salários-mínimos. “Nossa preocupação é desenvolver opções para reduzir os gastos dessas pessoas”, destaca.
Segundo o pesquisador, as latinhas foram usadas porque, ao serem cortadas transversalmente, lembram o formato de uma lente côncava. Os canos que conduzem a água até o chuveiro do usuário são colocados no foco dessas “lentes”, ou seja, no centro das latas, enfileiradas em uma caixa de metal pintada de preto e vedada com vidro.
O equipamento combina três efeitos que resultam em um bom aumento de temperatura, capaz de aquecer a água. “A latinhas refletem os raios solares em direção aos canos, a cor negra no fundo da caixa absorve a luz solar e o vidro retém ainda mais o calor por causa do efeito estufa gerado por esse sistema fechado”, explica Sales. Segundo ele, o aparelho deve custar aproximadamente R$ 540, contra R$ 3 mil dos aquecedores solares convencionais. Com o desgaste provocado pelo tempo de uso, as latas podem ser recicladas e substituídas por outras.
Por enquanto, os testes com o aquecedor de latinhas estão sendo feitos em uma casa experimental, construída pelos estudantes de Engenharia Civil do Centro Universitário de Itajubá, onde todos os aparelhos internos são protótipos de baixo custo. No futuro, a equipe pretende implantar essa tecnologia em uma comunidade carente da cidade mineira. “Nosso objetivo é usar o aparelho para finalidades sociais, melhorando a vida da comunidade de baixa renda”, conclui.
Revista Ciência Hoje
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